Time Wasters

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Lançamentos favoritos 2023!

 17o ano consecutivo - 17 listas  \o/ 

10. Sevendust - Truth Killer: Sevendust é sinônimo de alternative metal de qualidade. Toda vez que eles lançam algo tem que aparecer aqui na lista do Rick. Embora não seja algo novo no som da banda, Truth Killer traz um flerte maior com o new metal old school pois há mais elementos eletrônicos. Esse disco do 7dust é um pouco mais corajoso do que a média deles porque é propositadamente menos coeso, o que é legal no aspecto de abrangência e surpresa.

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09. Julie Byrne - The Greater Wings: Julie Byrne era uma cantora/compositora naquele estilo folk country acústico. Digo 'era' porque esse Greater Wings foi para um rumo mais tecladeiro/espacial, embora traga a essência do som da artista. Com seu vozeirão sensual, ela realmente arrepia espinhas. Julie tem a manha de soar, ao mesmo tempo, tímida e contida, mas impondo em seu vocal uma responsabilidade que está imbricada nas suas lindas e/ou potentes letras.

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08. Matchbox Twenty - Where The Light Goes: banda alternativa que estava inativa há um tempo. Eles tentaram ser o Maroon 5 no disco anterior (o North). Nada errado com isso, mas eles são muito mais necessários sendo eles mesmos. Esse disco mais recente é tão melhor que o North pois eles souberam ser o Matchbox que gostamos, adicionando algumas modernidades sem forçar. De toda forma, o consenso de opinião é que quando as faixas são menos modernas, elas soam melhores, o que eu concordo.. mas não posso querer condenar os caras por quererem evoluir. 

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07. Lana Del Rey - Did You Know That There's A Tunnel Under Ocean Blvd: nossa artista contemporânea favorita faz o que quer. E isso é artisticamente tão mais rico do que chamar 35 compositores de Nashville e escrever o hit número um. Embora esse álbum não seja do mesmo nível do Norman, merece figurar nos melhores do ano porque Lana nunca repete a fórmula. Esse aqui é, em tese, um disco de piano e voz. Claro, há bastantes recheios sonoros, e que estão bem integrados. Ela mergulhou nessa essência do folk recentemente e aperfeiçoou esse aspecto da emoção crua aqui.

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06. Depeche Mode - Memento Mori: oficialmente um duo, o Depeche Mode lançou um disco tributo (ao Andy Fletcher). Eles sempre foram compositores exímios, e esse disco mostra isso. A banda navegou por várias fases do seu som, se permitindo até dar uma flertada boa com aqueles momentos mais synthpop do início da carreira. Eles vinham numa constante lançando coisas dark & dark & mais dark. Nesse Memento Mori, eles aumentaram ainda o dark por motivos óbvios, mas abriram espaço para esses elementos lá do começo - o que foi um aceno muito legal.

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05. Helmet - Left: outra banda que fazia um bom tempo que não colocava um disquinho novo aí pro seu povo grunge. O Helmet já sabe que não vai funcionar se eles alterarem muito a identidade sonora, mas aqui eles escreveram faixas bem intrincadas e desafiadoras. Foi legal escutar algumas músicas e realmente voltar em vários pedaços para tentar contar algum compasso complexo, ou estudar alguma costura mais elaborada. Eles vinham simplificando o som há um tempo, mas aqui eles foram para esse lado técnico e foi uma surpresa boa. Significa muito quando uma banda cheia de músicos bons dá o seu melhor.

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04. Host - IX: projeto paralelo ao Paradise Lost, o Host busca aquela identidade dos discos mais eletrônicos que a banda principal lançou. Como o Paradise Lost parou de ser surpreendente há algum tempo, esse Host trouxe a expectativa de trazer algo que nos deixasse minimamente intrigados. Embora o álbum soe um pouco apressado e pouco caprichado, há umas faixas maravilhosas aqui e algumas fillers. Eu diria que 50% do disco é bem sensacional. Esses caras são gênios demais quando capricham. 

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03. Rolling Stones - Hackney Diamonds: caramba, os velhos são bons mesmo! Outro álbum bem delicioso aqui, faixas cortantes e com muita essência. Como sempre eles cobrem bastante território. Há os rocks groovados de sempre, mas também muitas referências à black music, blues, soul. Se havia uma banda que não precisaria lançar coisa nova era os Stones, mas eles fizeram um disco bastante bom e necessário.

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02. Foo Fighters - But Here We Are: Perdemos o ótimo baterista Taylor Hawkins, mas ele foi muito bem tributado com esse disco. As faixas são todas boas, e há bastante variedade aqui, trazendo desde o Foo Fighters clássico, mais punky, até elementos mais progressivos e pink floydianos aqui e ali. O disco não tem aquela característica despojada que eles curtem imprimir - ficou sendo uma atmosfera pesada - mas eles soam melhores quando escrevem música com um motivo. 

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01. Staind - Confessions Of The Fallen: desde 2012 não tínhamos um disco novo do Staind. E esse disco de 2012 era incrivelmente bom e pesado. Os caras fizeram em 2023 um disco com a mesma vibe, mas com uma cara mais de 'banda iniciante'. Uma produção mais suja e lamacenta. Eu achei melhor ainda, porque ficou mais condizente. Os sons são tão dissonantes e agressivos, e uma produção assim deixou as faixas com uma vibe mais old school. Esse disco tem alguns dos melhores refrãos da carreira do Staind - talvez os melhores, como In This Condition, The Fray e Here And Now. Ninguém esperava que esse álbum fosse bom desse jeito, mas todo mundo que ouve aprova e se rende.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

sobre o "Assédio - Melodengo's do Corazón"

ouvir o Melodengo's 

Faixa a faixa a respeito dos sons do cd mais recente do Assédio, as of 2023, o "Melodengo's do Corazón":

Não Presta -> vai parecer sacanagem (a banda é o Assédio, né)! Enfim.. a intro e a guita do verso são roubados duma banda de death! Ouve "Threatening Skies", do Obituary. Claro, nessa roupagem ficou meio Bad Religion da fase melódica, que é a fase que eu mais gosto. Anos depois veio a moda do emo. Até hoje os caras me falam que essa é uma faixa proto-emo.

Proibido F -> eu acho muito afudê essa progressão de notas da intro. Tanto que seguiu no verso. É bem Bad Religion, mas tem a classe do Garbage do começo. Eu não achava a música tão boa assim quando eu fiz, mas quando fui escolher as faixas pro projeto vi que ela tinha um potencial summer pop muito grande. Obviamente, a letra é baseada em fatos reais, e foi super remodelada para essa gravação, bem como várias outras letras desse cd.

Eu Sou Pastel -> a Assédio tinha acabado de gravar o "Rock Sex Loco Love" na Fofolândia em '97, e essa foi a primeira música que saiu após as sessões. No mesmo dia escrevi a Chocolate Branco também. Tinha ficado meio consenso que a gente ia focar em escrever coisas com mais groove tipo a 'Back to Back' e a 'Incógnita'. Nunca mostrei a Pastel pros caras.. mas passaram-se todos esses anos e esse riff nunca saiu da minha cabeça. Aí foi pra esse disco.

Pra Você -> essa saiu numa tarde em que eu e o Makil sentamos lá na minha casa na Cidade Nova, e escrevemos a 'Fúria' também. Eu dei uma roubada boa no Silverchair pra essa aqui. Essa versão finalizada do disco ficou ótima. Os vocais tão demais, e a parte eletrônica ficou de muito bom gosto.

Nada Além do Tudo -> essa foi escrita em 2016, eu acho. Uma amiga minha tinha me feito um puta favor. Eu, pelo telefone, escrevi: "Obrigado", ela respondeu: "Não fiz nada", e eu respondi: "Nada além do tudo!" Daí esse fato desencadeou esse som meio Titãs, meio Ramones, meio The Clash. Um 'breath of fresh air', mas ao mesmo tempo bem Assédio old school.

O Que Está Feito, Está Feito -> essa foi escrita poucos dias depois da Sou Pastel e da Chocolate Branco. Eu era magro na época, mas foi uma "junk food session", né. Essa nasceu com a melodia da voz, catei as notas e fiz como linha de baixo também. O pessoal da Fofolândia ouviu e disse que seria uma ótima trilha de novela da Globo. Essa versão ficou um milhão de vezes melhor que a da coletânea do Harmonic. Uma das poucas, senão a única que não tem backing vocals.

Guerra dos Sexos -> na época que ela nasceu, a gente (especialmente o Max Lucas) tava meio na vibe de meter uns ska. O refrão era originalmente ska, e era uns tons abaixo. Nessa versão tudo ficou maior. Mais elástico. Mais arena. O refrão ficou um paredaço com a trinca de vozes.

Zero Vírgula Zero -> ela foi oriunda de duas reuniões minhas com o Makil pra compor. A gente encaminhou ela bem na primeira reunião, e na segunda finalizamos com aquele estribilho. Eu tava meio contaminado pelo "vírus Jota Quest - Fácil", que tocava no rádio a cada 15 minutos na época, mas também tem a costumeira roubada do Silverchair. O Daniel Johns e o Ben Gillies são incrivelmente inteligentes musicalmente.

Prisão Virtual -> ah, como é legal o grunge! O rock alternativo! A beleza da estranheza! Esse conceito de se criar uma melodia torta pop! Eu diria que essa tem elementos meio Soundgarden overall, mas é certo que esse refrão veio de alguma banda com veia mais gótica. Eu tava no meu ápice de vício no mIRC, na época. Isso trouxe um monte de atraso na minha vida, mas eu era um prisioneiro consciente e feliz.

Pausa Para o Solo -> a gente tava finalizando a gravação do vocal do Trazendo Novidade na Casa Makiles (nos Navegantes) e eu fiz essa nota no violão que tava no meu colo.. e o Makil deu risada. Daí trabalhei duro nesse solo e gravei. Contém ironia.

Ballada Pra Agarrar Trocinho -> é a minha favorita do disco. Acho ela um pop perfeito pra mentalidade dos anos 90. A gente ensaiava ela com o Max e o Richard e curtia ela pra caramba. Daí ela ficou meio esquecida esse tempão, mas sempre achei uma linda duma música. Com certeza eu tava ouvindo Soundgarden, Oasis e Midnight Oil na época. Ficou um improvável mix dos 3.

John Catchaça -> outra que vão dizer que é sacanagem, mas esse riff é influenciado pelo de 'Bradley', do Coal Chamber. Na época que essa faixa nasceu tinha bastante coisa grunge saindo. Coisa bem pesada mesmo. Um monte de riff malvado. Toda faixa nossa ia ter progressões com "Bb E" porque eu tava bem influenciado por Alice in Chains e por new metal. A letra não é sobre o João Carteiro, da banda Sem Chance. É sobre o John, um conhecido meu que amava videokê.

Meu Alimento -> lembro de ter decidido que ia escrever um som bem brega. Tava descobrindo uns caras como o Ângelo Máximo, Fernando Mendes, Paulo Sérgio, Carlos Alexandre, etc. A letra também é total fatos reais. Queria ter posto uma orquestração afudê na gravação, mas não tive grana para pagar. Esse solo de guitarra me tomou uns bons meses até eu achar esse exato timbre. O Richard Furtado criou o "ralentando" do final.

A Meu Critério -> outra que eu rascunhei e não mostrei pros caras porque eu queria mais tempo pra desenvolver. Daí o Max Lucas parou com a banda, e ela ficou arquivada. Ela já nasceu com esse final roubado de "Steam Will Rise", mas só se tornou uma música super especial durante a gravação quando surgiu essa batida bem "Go Let It Out", com o loop, e esse temaço de guitarra com um certo feeling 'Samuel Rosa da fase brit pop'. Foi a única gravada em diapasão porque achei que ia ficar mais hipnótico. O resto do cd tá todo em meio tom abaixo.


Conclusão: o troço massa do Assédio é que dá para meter um disco coeso e coerente partindo de death metal e new metal, e indo até a música brega, passando por toda a grungeira, brit pops, skas e poppy punks. Não vai ser a coisa mais normal do mundo tu achar um mixed bag com essa amplitude, e ainda por cima ter um álbum bem costurado, beirando o conceitual.
De repente ninguém vai levar a sério, ninguém vai entender... mas a meta primordial prum compositor é lançar um disco, e ficar realmente satisfeito com ele. O reconhecimento ou o total descrédito ficam a cargo das dinâmicas do planeta.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Lançamentos favoritos 2022

Segue minha 16ª lista anual em 16 anos!

10 Korn - Requiem -> sem grandes pirações. Apenas new metal visceral e, como sempre, bem composto.

09 Gustavo Drummond - Bones Of The Earth -> incrível compositor/músico/vocalista brasileiro com Diesel, Udora e Oceania no currículo. Embora mostre um consistente apanhado do que sabe fazer, o disco não traz nada que se aproxime da qualidade imensa de Diesel ou Udora do começo.

08 Nickelback - Get Rollin' -> cinco anos após o ótimo e pesadão 'Feed The Machine', o Nickelback optou por uma abordagem mais alto astral, laid-back e groovy nesse disco. Acho que eles seguem bem inteligentes musicalmente nesses últimos registros.

07 Jorge Drexler - Tinta Y Tiempo -> aqui complexo, intrincado, inteligente, elegante e numa busca realmente incessante por alternativas diferentes. Fazia um bom tempo que o Jorjão não fazia um álbum 100% bom. Mas aqui a missão foi cumprida!

06 Eddie Vedder - Earthling -> poderia ter saído sob o nome do Pearl Jam e ninguém iria notar a diferença. Tem o conhecido balanço de rock visceral, acústico e música folk americana que vem sendo a tônica do PJ atual.

05 Amorphis - Halo -> esse cd traz melhores refrãos e mais economia sonora que os dois ultra intrincados anteriores. Mais carismático, porém um pouco menos detalhista.

04 Collective Soul - Vibrating -> quase o AC/DC do rock alternativo. Encontrou um tipo de som e não se desprende mais dessa fórmula. Por outro lado, vem numa constante de qualidade há uns 15 anos.

03 Shape Of Despair - Return To The Void -> não supera o meu "álbum da década de 10", que foi o disco anterior, mas é um senhor bom disco de funeral doom metal macabro. Apenas que aqui não teve nenhum elemento novo. Resumiu-se a tentar fazer o 'Monotony Fields' parte 2.

02 Alter Bridge - Pawns And Kings -> Alterzão numa vibe técnica, a la 'AB3' e 'Fortress', mas com o peso e a profundidade do 'Blackbird'. Baita álbum! Tremonti absolutamente maluco com cada riff mais sensacional que o outro!

01 Bush - The Art Of Survival -> É campeão! De novo! A minha banda favorita da atualidade! O Bush nunca soou tão pesado (nem mesmo no Institute ou no Kingdom). Nunca as faixas foram tão viciantes, e a produção nunca tinha criado um paredão de peso tão fodido para as melodias certeiras de Gavin Rossdale! Disco que prova que uma banda com rodagem pode lançar sua obra-prima num ponto longínquo da carreira. Potencial álbum da década de 20!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Pela 15a vez em 15 anos, cá estão meus melhores do ano:

 15. Duran Duran - Future Past -> Duran Duran é aquele pop que é tudo correto sempre: a produção é sempre boa, os instrumentistas sempre tocam pra caralho, a tecnologia é sempre de ponta. Sempre há uns bons hits, mas sempre há umas fillers fracas.

14. Rob Zombie - The Lunar Injection Kool Aid Eclipse Conspiracy -> Zombie sempre foi sinônimo de peso pesado. Depois de ter tido uns álbuns mais monótonos, esse aqui é excitante de início ao fim. Zombie nunca foi o rei da variação, mas só ele sabe como soar como Zombie.

13. Chevelle - Niratias -> após alguns álbuns irrepreensíveis, mesmo com certa experimentação, o Chevelle teve certo bloqueio mental nesse aqui, pois não soa lá muito inspirado. É um álbum do Chevelle, então é garantia de ser muito bom, mas fiquei mal acostumado com eles sempre sendo perfeitos, e aqui ficaram longe disso.

12. Cynic - Ascension Codes -> ah, mano... Teve um monte de treta envolvendo o Cynic nos últimos anos aí: morte de integrante, processo, etc. É outra banda que não tem nada que soe parecido, e felizmente seguem sendo assim. Eles vinham simplificando e amaciando um pouco o som, mas nesse aqui achei o som mais intrincado, e com algumas faixas bem pesadas, o que eu acredito que vá repercutir bem com os fãs.

11. Morgan Wallen - Dangerous: The Double Album -> eu vinha incluindo direto o Florida Georgia Line em meus 'melhores do ano' anteriores, porque eu gosto pra cacete de modern country, e o FGL sempre foi a melhor banda do estilo disparada. Agora esse rapaz Morgan Wallen aqui pegou o produtor do FGL e fez um disco duplo muito bom que superou o dos então "deuses do modern country". Esse disquinho DUPLO vendeu mais de 3 milhões de cópias e ficou DEZ semanas seguidas em PRIMEIRO na Billboard... feitos que devem ser, ao menos, respeitados.

10. Biffy Clyro - The Myth Of The Happily Ever After -> Biffy Clyro é uma banda que tem todos os requisitos para eu ser muito, muito fã, porque tem tudo que eu gosto no som deles. Mas eles simplesmente não fazem grandes álbuns... eles optam por destacar uns elementos que deveriam ser mais complementares ao som do que protagonistas, a meu ver. Aqui isso mudou um pouco pro lado certo, e me agradou bem mais.

09. Aberdeen - Empty Heads Festival -> tchê, eu realmente acho que esse álbum é melhor que o do Chevelle (com certa facilidade, até). Claro, a produção do troço não tem o Evil Joe Barresi, mas evoluiu um 'cadinho nesse aspecto em relação ao "Homeless". Enfim, o "Homeless" era aquela descarga fodida de peso muito pesado (porém melódico) o tempo todo. Era um disco muito focado (e bem sucedido) em ser total desgraçado. O EHF é mais amplo, inteligente e versátil. E não levou 10 anos para ficar pronto.

08. Jerry Cantrell - Brighten -> bah, não tem como não rasgar elogios ao Cantrell por uma vida toda. Ele é o melhor guitarrista da história da cena de Seattle. Nesse 3o disco solo, o semideus está um pouco mais festeiro musicalmente - provavelmente porque está 'clean' e sem aquele entorno doido de junkies entupidos de heroína. Em termos de composição, esse álbum fica bastante aquém dos seus outros dois discos solo, mas aqui está uma porção de Cantrell 'de boas', o que é algo praticamente inédito.

07. Foo Fighters - Medicine At Midnight -> eu já não achava que os Foos fossem acertar o alvo de novo, após o sem sal "Sonic Highways" e o horrendo "Concrete and Gold". Mas oh yeah. MAM é um disco massa. Enxuto, mais rockeiro, com uns backing vocais bacanas, e uma produção correta dessa vez. Fazia tempo que eles não punham na rua um disco sem músicas fracas (tá.. a 'Shame Shame' é fraca, pero no mucho). E é isso que queremos num álbum: consistência.

06. Lana Del Rey - Blue Banisters -> Lana Del Rey é uma tremenda de uma artista, cara. Tá, o som dela é suave, e tal. Mas ela canta demais, compõe muito, muito bem, e está numa fase sensacional da carreira (chamam de 'a trinca perfeita' essa direção que começou no Norman F** Rockwell, passou pelo Chemtrails e chegou muito bem nesse Blue Banisters). O NFR era mais praieiro e brisante. O Chemtrails era meio igrejão, meio gospel. Esse BB é mais agonizante mesmo. O som pendeu pruma faceta mais dark, sem perder nada da elegância.

05. The Lucid - The Lucid -> muito interessante projeto de "grunge retrô" de David Ellefson (ex-Megadeth) e Vinnie Dombroski (Sponge, Spys4Darwin). Mesmo eles fazendo um som orientado para soar grunge, os caras souberam como soar bem originais. No meu entendimento é meio que uma fusão de Soulbender, Kill Devil Hill e Queensrÿche circa 'Tribe'. E porra, o Vinnie Dombroski pode pedir música no Fantástico, né: Sponge, Spys4Darwin e agora The Lucid. O cara canta em 3 bandas fabulosas.

04. John Mayer - Sob Rock -> não é 'Sub Rock', crianças; é SOB (tipo '80S' invertido) Rock. É isso. O John Mayer fez um disco de 80s rock em 2021. Ele já tinha sido um blueseiro, um pop rocker, um country rocker e agora ataca com êxito em mais uma faceta. Ele tem a manha de manter uma identidade consistente no som, mesmo se aventurando por essas diferentes roupagens. Não tem jeito. O disco é agradável mesmo. Esse aqui prende bem a atenção ao longo das 10 faixas, e comprova que Mayer sabe entreter mesmo quando o teclado está mixado mais alto que a guitarra.  

03. Garbage - No Gods. No Masters -> teria o Garbage ouvido o Musique circa 'Lights and Shades'? Cara, tem um monte de coisas nesse álbum aqui que o pioneiro do eletrônico riograndino havia trazido ao mundo lá em 2014. Enfim, aqui é o Garbage... e eles estão raivosos e políticos pra caralho nesse disco. Afetou até um pouco da costumeira elegância, mas soa muito honesto e visceral. Quase um 'punk Garbage' em partes. O legal é que eles realmente "não deram a mínima" aqui, e fazer um álbum com esse despreendimento é sempre sinônimo de muita valentia.

02. The Wallflowers - Exit Wounds -> mais um dia no escritório. O Wallflowers não ia ao escritório fazia nove anos, na verdade. Mas foi, e como sempre fez um discaço de rock 'n roll gostoso pra burro. A produção moderna demais não casa 100% com o som (que é rock clássico / blues rock), mas não há mais o que criticar: o vocal do Jakob Dylan é um dos mais bonitos e perfeitos que existe, e o cara nunca tem uma performance menos que ótima. A composição segue sendo linda e criativa, embora muito fiel ao rock americano de outrora... Simplesmente fabuloso!

01. Carcass - Torn Arteries -> Os ingleses do Carcass já foram os pais do grindcore e os pais do death melódico. Então é uma banda que sempre lidera e é fartamente seguida. Em seu sétimo full, os caras já podem se orgulhar de ser uma das bandas com maior gama de amplitude sonora do metal (e tendo uma irretocável identidade). Esse é mais um álbum muito dinâmico, e ele responde com 'SIM' a todas as perguntas que um fã pergunta: "Tem o som clássico da banda?" Sim. "O álbum expande os horizontes sonoros da banda?" Sim. "Houve uma evolução ao álbum anterior?" Sim. "Os caras tocaram melhor do que nunca?" Sim. "A produção é boa?" Sim. Tipo, é tudo sim. Então, se a pergunta for "É o melhor disco do ano?", a resposta também é sim!

sábado, 5 de dezembro de 2020

Preferidinhos da pessoa em 2020:

2020 ofereceu essa possibilidade de se digerir melhor os discos lançados pelos meus artistas favoritos, então, a lista não tem maiores curvas.

15 Powerman 5000 - The Noble Rot -> a "banda do irmão do Rob Zombie" é guerreira, e está na estrada há décadas sendo criativa e inovadora. Cada vez com menos elementos de industrial dos 90s e mais de new wave dos 80s, vem achando sua melhor versão ao longo dos tempos.

14 Seether - Si Vis Pacem Para Bellum -> 2020 seria um ano fantástico para o alternative rock, se fosse o som da moda. Infelizmente esse discão do Seether não irá vender milhões de cópias, mas só reforça o quanto as bandas do estilo têm perseverado artisticamente. Um balaço grunge, como de costume.

13 Smashing Pumpkins - Cyr -> Billy Corgan disse que iria fazer um disco de música contemporânea, e acabou incluindo muito som sintetizado. Soa mais datado que contemporâneo, mas talvez ter errado esse alvo seja a virtude principal do álbum.

12 Deftones - Ohms -> após o estranho 'Gore', a banda colocou de novo as guitarras e gritarias em evidência. Careceu um pouco de variedade, mas voltou a fazer o que sabe melhor.

11 Katatonia - City Burials -> após um hiato, a banda voltou mais eclética ainda, garantindo um álbum cheio de curvas, apesar de nenhuma ser exatamente perigosa. Já fizeram bem melhor, mas é sempre bom escutar coisas novas deles.

10 Pearl Jam - Gigaton -> registro ousado em termos de produção e que traz algumas sonoridades refrescantes. Algumas faixas 'viajam' um pouco mais do que precisam, deixando partes do disco muito arrastadas. Mas em geral, computou muitos bons acertos.

09 Sepultura - Quadra -> (discutivelmente) o disco mais focado e bem composto do Sepultura. Aqui o caráter mais experimental da banda passou a ser um elemento natural, tornando a audição fluida. Traz Andreas Kisser gravando alguns dos seus solos mais inspirados e Eloy Casagrande sendo o baterista mais criativo do planeta.

08 Sevendust - Blood & Stone -> com direito a cover do Soundgarden, o Sevendust continua provando álbum após álbum que rock alternativo vai ser sempre um estilo muito artisticamente recompensador, se feito com o equilíbrio, paixão e coerência com os quais eles sempre lançam mão.

07 Bon Jovi - 2020 -> não chega nem perto do 'This House is Not For Sale' em termos de composição, mas se concentra em ser um disco sombrio, socialmente contestador e com algumas ocasionais faixas divertidas. Alguns caminhos duvidosos que o 'This House' parecia apontar foram limados aqui, tornando o álbum musicalmente mais coeso, em comparação.

06 Stone Temple Pilots - Perdida -> segundo álbum com o Jeff Gutt no vocal e a banda foi para um rumo acústico aqui. Eles são fenomenais elaboradores de melodias 'bonitas-por-vezes-tortas', então é um disco repleto de faixas emocionantes (e não óbvias). Notam-se alguns interessantes elementos de música flamenca distribuídos ao longo do registro.

05 Paradise Lost - Obsidian -> após o lento e pesado 'Medusa', a banda focou mais no elemento gótico aqui, e lançou um registro cheio de momentos memoráveis, com uma tentativa mais explícita de retomar a composição de faixas mais vibrantes. Conseguiu isso com louvor, apesar de ainda estar soando deveras sombria - o que a deixa longe de poder deter aquela comercialidade dos 90s.

04 AC/DC - Power Up -> bem, já está bem claro que agora o AC/DC está lançando discos novos com a finalidade única de esvaziar o arsenal de ideias do Malcolm Young. Ainda assim, eles, de alguma forma, conseguem manter um claro fluxo de evolução em termos de sonoridade. Continuam com a identidade 100% irretocável, mas têm lapidado as harmonias de backing vocais, bem como algumas combinações de baixo e bateria nesses últimos 3 discos.

03 Benediction - Scriptures -> banda de metal extremo que sempre teve o respeito e a confiança total do seu público adepto. Nesse registro, os veteranos mostram ótimo pique com composições sombrias, pesadas, intrincadas e muito cativantes - o retorno do vocalista Dave Ingram certamente somou muito nesse aspecto. Álbum que talvez seja a unanimidade do estilo nesse ano musical.

02 10 Years - Violent Allies -> não há como eu ser mais explícito em minha admiração pela banda 10 Years: eles só lançam disco perfeito e, ultimamente, têm estado direto nos meus top 3. Aqui foram para um som que mesclou algumas faixas mais comerciais, porém com precisão cirúrgica em encadeamento e produção, mas também mantiveram o peso pesado de sempre, sabendo ser muito concisos e conscientes de onde queriam chegar. 'The Unknown' é a minha faixa favorita desse ano. Gênios.

01 Bush - The Kingdom -> ahh, o bom filho à casa torna! Após um disco frouxo e mais açucarado, o Bush decidiu que faria novamente um disco do bom e velho grunge com aquela reverência à 1999, ou seja, aceitando incluir eletrônicos e alguma injeção de new metal, em termos de ambiência. Então, temos um álbum lindamente composto aqui - maduro, e que fornece ao fã de grunge e alternative um autêntico banquete! Souberam trazer esses bem-vindos elementos dos 90s, mas sempre com a refrescância de não soar apenas datado. Álbum tão bom que dá até aquela coceira em dizer que é superior aos discos clássicos da banda.


Rk

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Escolhas 2019

Álbuns favoritos 2019 abaixo:

01 Rammstein - Rammstein -> eles demoraram, mas voltaram! E eles seguiram sendo uma banda extremamente confiável. Estão, inclusive, ligeiramente mais eletrônicos, como nos anos 90; mas é nessa mistura de guitarras peso pesado, vocais ríspidos em alemão + elementos melódicos que eles realmente dominam o planeta. Eles passaram uns dez anos sem lançar nada, mas o disco soa como se fosse um grande apanhado de tudo que eles fazem bem. Um álbum seguro, competente, muito bem arranjado, produzido e composto, como de costume. E continua sabendo ser polêmico e divertido na dose certa.

02 Lana Del Rey - Norman Fucking Rockwell -> o disco famoso dela sempre será o Born To Die. Mas a gente achava que o melhor álbum dela sempre seria o Ultraviolence. Bem, eu achei esse aqui tão fantástico que quase ganhou meu top de 2019. Ele é quase um disco acústico. Bem melódico, viajandão e meio praieiro, sem praticamente nada de eletrônico ou moderno. Pode até não ter um super hit, mas é um álbum dela que ouço de início a fim sem pular nada, pois tudo é fascinante nele.

03 Puddle Of Mudd - Welcome To Galvania -> eu achava que o Puddle of Mudd era a banda mais sem chance do mundo de lançar um bom disco, dado tudo o que passou o Wes Scantlin nesses últimos anos. Mas eu felizmente estava errado e eles fizeram um grunjão pesado, gritado e com algumas nuances acessíveis, que sempre foram parte do pacote.

04 Alter Bridge - Walk The Sky -> mais um álbum em que o Alter deu uma enfatizada na melodia. Há umas faixas que tem um tom mais esperançoso, mais arrebatador. Acho que eles quiseram fazer a galera chorar em algumas faixas! Mas segue tendo riffs cabulosos e muito peso.

05 Collective Soul - Blood -> disco curtinho, certinho, com canções bastante simples, mas com grande confiança. A banda foi realmente super econômica na composição aqui, enxugando todo o supérfluo que pôde, criando um álbum de audição bem fácil, com boas melodias e alguns rocks.

06 Lacrimas Profundere - Bleeding The Stars -> terceiro vocalista que a banda coloca, mas ele é o perfeito misto entre o gótico do primeiro e o pop do segundo. Então a banda pôde equilibrar bem o que fazia no início de carreira, com as coisas mais 'love metal' dos últimos discos.

07 Florida Georgia Line - Can't Say I Ain't Country -> country moderno aqui, com influências do hiphop e um monte de coisa atual, mas é a única banda nessa proposta que realmente tem carisma e talento. Nesse quarto disco, continuam com esse swagger divertido, mas ampliando a maturidade.

08 The 69 Eyes - West End -> fazer bons discos parece ser a coisa mais fácil do mundo para o 69. Eles vão lá, pegam sua formulazinha de Ramones e Sisters of Mercy, dão uma leve metalizada, e criam 10 ou 11 boas músicas novas. Sempre foi assim e, pelo visto, sempre será assim.

09 Memoriam - Requiem For Mankind -> esse é facinho o melhor disco do Memoriam. Não por acaso, o disco mais na veia do Bolt Thrower - banda anterior de 50% da formação. Conseguiram fazer bastantes sons envolventes aqui, com ótimas guitarras e com aquela força e aura necessárias para que o ouvinte mergulhe nessa proposta épica de guerra.

10 Billie Eilish - When We All Fall Asleep Where Do We Go -> jovem cantora que tomou a indústria musical de assalto em 2019. Mas o disco é muito afudê mesmo. É bem minimalista em instrumentação mas tem umas faixas muito sensuais, outras com notável emoção e outras cheias de efeitos bizarramente ótimos. Uma boa surpresa.

11 Korn - The Nothing -> aqui o Korn mostrou uma faceta um pouco mais Jon Davis solo, e menos de banda coletiva. Quando isso acontece, a cara do som fica mais ampla e alternativa, mas em termos de memorabilidade as músicas perdem bastante. Não foi diferente nesse álbum. Tem diversidade, mas não tem ganchos.

12 Possessed - Revelations Of Oblivion -> desde 1986 sem lançar um disco full, esses thrashers ressurgem com uma nova formação que dá bastante conta do recado em termos de composição e musicalidade. Não chega a viciar como os discos dos anos 80, mas é bem digno de existir.

13 Aaron Lewis - State I'm In -> música country com cara de música country velha, e cantada por um dos vocais mais afudê que há no planeta. Segue a saudade do Staind, mas não dá para negar que a carreira country do Aaron Lewis também oferece um bocado de sons bonitos e competentes.

14 Cigarettes After Sex - Cry -> disco bonitão e sombrio desse banda de dream pop. Eles tem uma identidade suave e meiga e os vocais têm bastante ar. É um som muito bonito, embora sem muita variação.

15 Liam Gallagher - Why Me? Why Not. -> acho que a carreira solo do Liam dá uma tunda de laço na do Noel. Nesse segundo disco realmente solo, o Liam buscou aquela melodia do Morning Glory, mantendo as guitarras, mas também buscando soar moderno, com tricagens legais de produção.

16 Tool - Fear Inocolum -> o disco poderia ter sido bem melhor se o Maynard não tivesse gravado apenas vocal melódico. Foi o grande pecado do disco, porque, em termos instrumentais e criativos, esses caras sempre serão muito intrigantes. Faltou só aquele vocal agressivo e perturbador.

17 Weezer - The Teal Album -> disco de covers aqui. Bem amplo musicalmente e com bastante fidelidade aos arranjos originais.

18 Nocturnus AD - Paradox -> quarto disco desses malucos da Flórida. Misturam thrash, death e teclados de ficção científica. A formação é praticamente toda nova, mas o material merece o selo Nocturnus de qualidade.

19 Airbourne - Boneshaker -> rock n roll australiano que segue bem similar ao AC/DC. Nesse quinto disco fizeram um disco menor e conciso, então achei que poderia ser mais impactuoso, mas o melhor segue sendo o segundão. Esse aqui é bom, como sempre, mas não é nem perto de clássico.

20 Death Angel - Humanicide -> thrash de altíssima qualidade da Bay Area, com ecletismo e inteligência. Não fazem só coisa moderna e nem só coisa old school. Mesclam bem, e com identidade.

Em 2019 lancei 4 álbuns. Todos estão convidados a conhecê-los:

The Members - Hawk And Hoe
Supremassiva - Kinesfera
Assédio Sexual - Trazendo Novidade
Musique - Urban Pop: A Decade Of Musique

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Top 10 Discos Pessoais: 5a Posição




Época da faculdade. Finaleira de graduação. Virada do ano 2000. As boy bands ocupam 150% do tempo da nossa MTV. A nossa MTV. De nós rockeiros. De nós alternativos. O que é que esses boys bonitinhos estão fazendo estragando a nossa emissora? E porque as bandas que amávamos estão
tentando soar como eles?

Nesse cenário musical desolador fui encarar meu último ano como graduando de Letras Português-Inglês, e já havia na minha cabeça de compositor de músicas da Aberdeen alguma intenção de colocar uns eletrônicos no som. Não era uma intenção de imitar o Bush do Science of Things, ou o Freaks of Nature do Drain STH.. mas se a minha banda quisesse sobreviver ou ser diferenciada nesse cenário alarmante para o rock que pintamos anteriormente, talvez fosse mesmo hora de investir em algumas coisas arriscadas. Só que apenas minha paixão pelo Paradise Lost da época One Second não me daria subsídios composicionais para tal. Era preciso cavar um pouco mais fundo. Mas tinha um problema: a falta de tecnologia da época não nos dava o acesso instantâneo ao que nos faltasse.

Eis que um professor da FURG chamado Tacel Leal (ao qual sou muito grato) adentra a sala de aula para ministrar alguma das literaturas - inglesa ou americana - no meu quarto ano, e em alguma dessas caronas filadas da vida, a gente fala sobre som. Ele me diz que curte eletrônico, e eu digo que necessito ampliar minha bagagem nesse tipo de som. Ele pergunta algumas coisas, e dada minha predileção pelo lado negro da força, ele conclui que eu precisava ouvir algo mais na vibe trip hop, e que a banda que eu deveria - ou melhor - o álbum que eu deveria ouvir se chamava Mezzanine (1998), de uma banda inglesa chamada Massive Attack.

Não fazia muito que tinha dado na MTV um programa chamado "Alto e Bom Som", que passava 30 minutos de algum show. E era um show do Massive Attack da turnê desse Mezzanine. Tentei ver, mas não fui muito adiante. Não achei horrível. Apenas não era pra mim. Até memorizei alguns títulos de músicas, mas nem dei maior importância. Aí o hoje Dr. Tacel falou nesses caras de novo e eu fiquei até certo ponto animado, visto que eu já tinha tido uma mini-dose desse show deles e não tinha odiado. Então fui encarar esse disco sabendo que eu precisaria me reinventar como ouvinte de música para tentar entrar na viagem.

Evidentemente que não foi na primeira ouvida que eu passei a achar esse álbum o quinto melhor disco de todos os tempos, mas eu definitivamente fiquei surpreso com o quanto ele tinha de peso. Não guitarra pesada. Ambiência pesada! Uma profundidade e uma sensualidade que me deixava até meio desconfortável. Fora o fato de que sempre havia uma coisa nova a ser descoberta. A gente diz isso para álbuns progressivos, trabalhados, cheios de camadas, mas nesse disco aqui essas descobertas são realmente múltiplas. Aparentemente, as músicas são meio camaleônicas.. Dependendo do teu humor, algumas nuances são acentuadas e outras diminuídas.

Em seguida, então, algumas dessas faixas se tornaram grandes clássicos pessoais: desde as "corriqueiras" Angel (Verdades Secretas, galera) e Teardrop, passando por Risingson e Inertia Creeps, até a faixa-título, mais Group Four e Dissolved Girl. A gente entende que esse disco é especial quando ouve todo tipo de trip hop e percebe que nada de outra banda te tira da zona de conforto como esses caras fazem. Há bandas bem legais de trip hop, que a gente conhece depois, mas o Massive Attack, em especial nesse disco aqui, é uma coisa mais que monstruosa que arrebata e realmente tem a viagem (trip) mais densa e profunda musicalmente que você vai ter na vida, caso se permita. Isso que eu nem mencionei o quanto esse álbum emana elegância e finesse em cada milésimo de segundo, mas acho que se confunde um pouco com o aspecto sensual, o qual eu já havia citado.

A partir daí, consegui desenvolver um raciocínio mais coerente como compositor, adotando realmente um pouco de coisas eletrônicas para a Aberdeen, mas já imerso nesse contexto mais viajandão e obscuro, o que fez sentido. A gente não emplacou hits ou ficou famoso, mas fez, até aqui, dois discos dos quais gostamos e temos orgulho. Fiz até um projeto de música eletrônica (esse blog foi criado para divulgar o sétimo disco desse projeto) que visava copiar o Massive Attack, mas acabou indo para um rumo todo único, cheio de identidade - o que me deixou ainda mais feliz.

O Massive Attack fez outros dois álbuns depois do Mezzanine. Um deles maravilhoso (100th Window, 2003), que talvez seja até mais louco que o Mezzanine, mas em termos de equilíbrio e homogeneidade, o registro de 1998 acaba sendo um pouco superior; porém, recomendo sem pestanejar qualquer um desses dois. Eles têm o poder de mudar vidas. 

Ah! E conversem com seus professores sobre música! 
Abraços o/